Tem gente que pensa que atividade física é pra poucos. Tem gente que cansa só de ouvir falar em dar aquela corridinha básica ali na rua. Imagina aquela de 15, 21 ou 42 quilômetros? E se a gente contar que essas longas distâncias não assustam um senhor de quase 80 anos e que toda semana percorre com sua bike por até 75 km? Vocês acreditam?
Morador de Visconde do Rio Branco – MG, Celeste de Moura, de 79 anos, ainda encara os desafios do tempo e participa de eventos de ciclismo, atletismo e corrida.
Casado há 45 anos e pai de dois filhos, Celeste começou a escrever sua longa história no esporte nos anos 1970, quando participou pela primeira vez da corrida São Silvestre, em São Paulo, completando a prova aos 15 quilômetros, sem treino ou qualquer preparação física. O feito foi ficar em sua melhor colocação, na posição 1.681 entre 31 mil corredores. Enquanto trabalhava de garçom na avenida Paulista, via aquela multidão passando em frente ao seu trabalho e usava aquela imagem que não saia da sua cabeça como inspiração e resolveu que iria realizar um sonho. Pronto! Foi o pontapé inicial para uma grande realização que iria mudar sua vida, melhorar sua saúde e autoestima.
De lá pra cá a paixão pelo esporte só foi aumentando e nada o parou mais. Depois de deixar a cidade de Mauá-SP para ficar perto da família em Visconde do Rio Branco, veio o ciclismo e o atletismo. Competiu diversas corridas de maratona e meia maratona em São Paulo, Rio de Janeiro e São Caetano do Sul-SP; além da Maratona de Blumenau em 1989, onde correu por 03h19:22 por 42 quilômetros e 195 metros; Maratona de Curitiba, onde correu por 03h28:06; e Maratona de Brasília em 1995, com o tempo de 4h12:29. Já deu pra sentir a quantidade de medalhas e troféus de participação que Celeste coleciona, não é? São centenas!
Tendo como ídolo o corredor João da Mata de Ataíde, de 69 anos, que foi Campeão da Corrida de São Silvestre em 1983 percorrendo os 12.600m da prova com o tempo de 37min39s19, além de Bicampeão da Minimaratona da Independência (83 e 84) e Vice-campeão sul-americano nos 5.000 e 10.000m (1984), entre outros, Celeste se inspira nesse exemplo e durante sua caminhada no esporte, ou melhor, sua corrida, já coleciona, ao todo, 23 troféus e 336 medalhas de participações nas competições.
Sua determinação e coragem já ultrapassavam os obstáculos e fazia com que sua vontade pelo esporte só aumentasse. Já em Visconde do Rio Branco, Celeste começou no ciclismo, treinando na roça com sua bike.
“Enquanto eu só queria correr e pedalar, muitos zoavam de mim falando que eu não ia conseguir. Isso me deu mais força pra continuar”, contou Celeste que atualmente participa do ciclismo com um grupo que pedala todos os domingos cerca de 50 km.
“Eu nunca tive preparo físico, um treinador ou qualquer patrocínio para fazer do esporte uma profissão. Mas hoje me encho de orgulho por poder contar essa história e dizer pra muitos que, posso não ter chegado a ser um campeão mundial, mas sou um campeão por ter vencido todos os desafios e a mim mesmo. Hoje posso dizer que consegui e sou um vitorioso por chegar onde cheguei”, disse Celeste orgulhoso por atualmente ser um protagonista dos eventos esportivos em sua cidade.
Quando perguntado sobre a mensagem que ele quer deixar para incentivar as pessoas à prática de esportes, ele responde: “Vamos nos mexer, senão o bicho pega. Vamos fazer qualquer tipo de esporte. O corpo da gente, não importa a idade, aceita com muita humildade”, finaliza.