O presidente Jair Bolsonaro se defendeu das críticas pela inflação dos alimentos no país e disse que a responsabilidade pela situação é de governadores e prefeitos. Na live semanal pelas redes sociais, ele apontou as medidas restritivas de combate à covid-19, como limitar o funcionamento de feiras, como culpadas pelo aumento dos preços.
“O agronegócio plantou milho, feijão, soja. O agricultor familiar, muitos não plantaram porque não tinha para quem vender na cidade. Teve prefeito e governador que fechou feira livre, fechou supermercado. E o cara vai plantar pra quê se não tem pra quem vender? Deixou de plantar”, disse o presidente.
Dados do IPCA, que serve de prévia para a inflação oficial do país, apontam que o índice foi de 1,14% em setembro, a maior alta para o mês desde o Plano Real. No acumulado dos últimos 12 meses, o indicador é de 10,05%.
Falta de abastecimento
Jair Bolsonaro também citou a crise energética da China, principal produtora de fertilizantes para o Brasil, como um problema para o país a curto prazo. Segundo ele, isso pode gerar uma diminuição de oferta de alimentos.
“Isso daí vai influenciar na agricultura. O homem do campo sabe quanto de fertilizante tem que botar por hectare. Não adianta botar X menos Y que não vai dar certo. Como deve faltar fertilizante, por falta de oferta no mercado, ele vai plantar menos. Se vai plantar menos, vai colher menos, menor oferta, aumento de preço”.
O presidente disse que conversou com a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, e que o governo está providenciando um programa de fertilizantes nacionais.
Combustíveis
Jair Bolsonaro voltou a criticar a postura dos governadores na crise dos preços dos combustíveis. O presidente alega que embora o ICMS (imposto estadual que incide, entre outros produtos, sobre os combustíveis) tenha se mantido com a mesma alíquota nos últimos anos, a arrecadação dos governos estaduais aumentou, ao contrário do que ocorreu com o governo federal.
“Nós arrecadamos em 2020 [em comparação a 2019] exatamente a mesma coisa [com a venda de combustíveis], os governadores não. Têm arrecadado muito mais por litro de combustível vendido. Interessa pra eles o preço alto, porque o ICMS incide sobre o preço final da bomba.”
Bolsonaro ainda citou que o presidente da Câmara, Arthur Lira, colocará em votação o projeto que altera a cobrança do ICMS dos combustíveis, com o objetivo de reduzir os preços. O presidente lamentou que a proposta sofra modificações em relação ao que o governo queria, mas ponderou que Lira “está buscando atender” à demanda.