O presidente Jair Bolsonaro sugeriu nessa quinta-feira (23), em transmissão ao vivo nas redes sociais, a diminuição da concentração de etanol na gasolina como forma de diminuir o preço desse combustível, um dos atuais “vilões” da inflação. Por outro lado, afirmou que os usineiros “vão chiar” com a medida.
Bolsonaro reconheceu na live que a possibilidade de diminuir a proporção de etanol na gasolina não é um ato unilateral da Presidência e sugeriu que a medida poderia causar revolta. “Os usineiros vão chiar, porque eles têm um mercado garantido hoje em dia, que é o etanol que você bota no seu carro, na gasolina ou o etanol puro. Então, olha o tamanho da encrenca para a gente diminuir o porcentual da mistura do etanol na gasolina”, disse o presidente.
Apesar da sugestão, Bolsonaro insistiu na retórica de que a alta no preço dos combustíveis se deve à cobrança do ICMS, um imposto estadual que varia proporcionalmente. Ele vem cobrando os governadores a baixar o imposto, a maior fonte de arrecadação em vários estados.
O preço dos combustíveis é altamente impactado, ainda, pela cotação do dólar, muitas vezes alavancado por crises políticas nascidas dentro do Planalto e pela crise fiscal.
Bolsonaro também afirmou na transmissão ao vivo que está “apanhando até não poder mais” desde que anunciou alta na alíquota do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). “Qual o objetivo de aumentar o IOF até o final do ano? Não é aumentar imposto. Aumentou imposto, sim, mas zerou o PIS/Confins do milho”, tentou justificar o presidente. “Aumentou de um lado e tirou do outro lado, ficou no zero a zero”, acrescentou.
Contudo, a alta no IOF sobre operações de crédito para empresas e pessoas físicas foi anunciada para bancar o novo Bolsa Família batizado de Auxílio Brasil. O programa deve ser usado pelo Planalto como uma vitrine nas eleições de 2022.